Resumo
Este artigo investiga como adolescentes cristãos no Brasil consomem produtos de entretenimento midiático e quais sentidos atribuem a essas práticas, considerando as tensões e negociações simbólicas entre valores religiosos e cultura pop. Ancorado nos estudos culturais latino-americanos, nos estudos de comunicação e consumo e nas abordagens de recepção, esta pesquisa busca compreender as mediações religiosas que orientam preferências, usos e significados do consumo midiático na juventude. A pesquisa adotou metodologia quantitativa por meio de questionário estruturado aplicado a 76 adolescentes entre 12 e 18 anos pertencentes a comunidades cristãs. Os resultados revelam forte predominância do uso de dispositivos móveis e redes sociais digitais, além de uma preferência por conteúdos como música, filmes e séries — especialmente nos gêneros comédia, ação, aventura e romance. Tais escolhas cumprem funções centrais na vida cotidiana, como alívio emocional, integração social e formação educativa, ao mesmo tempo em que evidenciam estratégias de conciliação entre fé e entretenimento. Ao explorar um recorte ainda pouco abordado nos estudos de recepção no Brasil, esta pesquisa contribui para compreender o papel da mídia como espaço híbrido de negociação identitária e religiosa na adolescência contemporânea.
Referências
BACCEGA, Maria Aparecida. Consumindo e vivendo a vida: telenovela, consumo e seus discursos. In: BACCEGA, Maria Aparecida (Org.). Comunicação, consumo e subjetividade. São Paulo: Paulus, 2013. p. 49–66.
BACCEGA, Maria Aparecida. Comunicação e culturas do consumo. São Paulo: Atlas, 2008.
BACCEGA, Maria Aparecida. Televisão e escola: uma mediação possível. São Paulo: Paulus, 2000.
BAUDRILLARD, Jean. A sociedade de consumo. 3ª ed. Lisboa: Edições 70, 1995.
BOBKOWSKI, Piotr S. Adolescent religiosity and selective exposure to television. Journal of Media and Religion, v. 8, n. 1, pp. 55–70, 2009. DOI: 10.1080/15348420802670942. Acesso em: 23 nov. 2025.
CANTARELLI, Natalia Dalla Côrte. Quando o olhar é capturado: o interesse dos adolescentes pelo cinema de horror na atualidade: a adolescência e suas imagens. Psicologia em Revista, Belo Horizonte, v. 25, n. 1, p. 99-117, jan. 2019. Disponível em: https://periodicos.pucminas.br/psicologiaemrevista/article/view/10913/16068. Acesso em: 28 mar. 2025.
CANCLINI, Néstor García. Consumidores e cidadãos: conflitos multiculturais da globalização. 6ª ed. Rio de Janeiro: UFRJ, 2006.
DEL MORAL, Maria Esther Perez; DUQUE, Alba Patricia Guzman. Jugar en red social: ¿Adicción digital versus comunicación e interacción en CityVille?. Cuadernos.info, n. 38, pp. 217-231, jun. 2016. DOI: 10.7764/cdi.38.810. Acesso em: 23 out. 2025.
DOUGLAS, Mary; ISHERWOOD, Baron. O mundo dos bens: para uma antropologia do consumo. 2ª ed. Rio de Janeiro: UFRJ, 2004.
FIGARO, Roseli; GROHMANN, Rafael. A recepção serve para pensar: um “lugar” de embates. Palabra Clave, v. 20, n. 1, pp. 142-161, 2017. DOI: 10.5294/pacla.2017.20.1.7. Acesso em: 7 abr. 2024.
FREDERICO, Celso. O consumo nas visões de Marx. In: BACCEGGA, Maria Aparecida (org.). Comunicação e culturas de consumo. São Paulo: Atlas, 2008. pp. 79-87.
GREEN, Joshua; JENKINS, Henry. Spreadable Media: How Audiences Create Value and Meaning in a Networked Economy. In: NIGHTINGALE, Virginia. The Handbook of Media Audiences. Wiley-Blackwell, 2011. pp. 109-127.
GÓMEZ, Guillermo Orozco. A audiência ativa: um mito contemporâneo? São Paulo: Paulinas, 2001.
GRUPO DE MÍDIA. Cenários da Mídia Atual. 2024. Disponível em: https://midiadados.gm.org.br/scenarios. Acesso em: 7 abr. 2025.
HALL, Stuart. A cultura e o poder: a centralidade da mídia e da cultura. In: ORTIZ, Renato (org.). Comunicação e cultura nas Américas. São Paulo: Loyola, 2003, pp. 9–24.
HJARVARD, Stig. The mediatization of religion: Theorising religion, media and social change. Culture and Religion, v. 12, n. 2, pp. 119-135, 2012.
JACKS, Nilda; LIBARDI, Guilherme; SIFUENTES, Lírian (orgs.). Meios e Audiências IV: continuidades e novos desafios frente à convergência midiática. São Paulo: Pimenta Cultural, 2024. DOI: 10.31560/pimentacultural/2024.98713.
KELLNER, Douglas. A Cultura da mídia — Estudos culturais: identidade e política entre o moderno e o pós-moderno. Bauru: Edusc, 2001.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2003.
LOPES, Maria Immacolata Vassallo de; BORELLI, Silvia Helena Simões; RESENDE, Vera da Rocha. Vivendo com a telenovela: mediações, recepção, teleficcionalidade. São Paulo: Summus, 2002.
MARTÍN-BARBERO, Jesús. A comunicação na educação. São Paulo: Contexto, 2014.
MARTÍN-BARBERO, Jesús. Dos meios às mediações: comunicação, cultura e hegemonia. Rio de Janeiro: UFRJ, 2009.
PANORAMA do Censo 2022. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Disponível em: https://censo2022.ibge.gov.br/panorama/. Acesso em: 23 out. 2025.
ROCHA, Everardo. Culpa e prazer: imagens do consumo na cultura de massa. Comunicação Mídia e Consumo, [S. l.], v. 2, n. 3, pp. 123-138, 2008. DOI: 10.18568/cmc.v2i3.29. Acesso em: 2 dez. 2025.
SAMPIERI, Roberto Hernández; COLLADO, Carlos Fernández; LUCIO, Pilar Baptista. Metodologia de pesquisa. 5ª ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2013.
UNESCO. TIC Kids Online Brasil 2024. São Paulo, 23 out. 2024. Disponível em: https://cetic.br/media/analises/tic_kids_online_brasil_2024_principais_resultados.pdf. Acesso em: 7 abr. 2025.
UNICEF. Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/estatuto-da-crianca-e-do-adolescente. Acesso em: 7 abr. 2025.
WINQUES, Kérley; ANDRÉ, Hendryo Anderson. Sentidos preferenciais e mediações culturais: relevância das instituições família, trabalho e religião na recepção de narrativas jornalísticas. Contracampo, Niterói, v. 43, n. 2, pp. 1–17, maio/agosto 2024. DOI: 10.22409/contracampo.v43i2.59541. Acesso em: 30 mar. 2025.

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
